O papel do exercício para um condicionamento físico pré-cirurgia de qualidade
O exercício físico tem um papel importante na terapêutica não medicamentosa dos pacientes que vão fazer cirurgia eletiva, devendo ser iniciada o mais cedo possível na fase pré-cirurgica e, dando prosseguimento pós-alta hospitalar, para que possam retornar a um estilo de vida semelhante ao que tinham antes da patologia, permitindo convívio social satisfatório, com vida ativa e produtiva. A atividade física tem sido enaltecida e reverbera há séculos como um potente fator de promoção à saúde.
Tal ideia ganha respaldo no discurso do “pai da medicina”, Hipócrates: “O que é utilizado, desenvolve-se, o que não o é, desgasta-se… se houver alguma deficiência de alimento e exercício, o corpo adoecerá”.
Em períodos remotos, cuidar da saúde fazia parte do empirismo. Atualmente, há um denso e crescente corpo de conhecimento que consolida o exercício físico como ferramenta crucial na promoção de saúde e um condicionamento físico, paradoxalmente, assistimos praticamente inertes a uma redução gradativa nos níveis de atividade física das populações modernas.
Cabe então, levantarmos algumas reflexões:
- Qual o impacto – biológico e socioeconômico – da inatividade física na saúde dos indivíduos?
- Qual o impacto da inserção (ou re-inserção)? da atividade física na saúde dos indivíduos?
- Como o profissional de Educação Física pode atuar na promoção de saúde e quais os
desafios provavelmente irá enfrentar nas próximas décadas a fim de intervir nas epidemias
causada pelo sedentarismo entre outras moléstias de ordem psico-fisiológicas?
Os riscos da inatividade física na nossa vida
Estudos epidemiológicos demonstram que a inatividade física aumenta substancialmente riscos de doença arterial coronariana (45%), infarto agudo do miocárdio (60%), hipertensão arterial (30%), câncer de cólon (41%), câncer de mama (31%), diabetes do tipo II (50%) e osteoporose (59%). Em outras palavras, a inatividade física é independentemente associada à mortalidade e a obesidade possui maior incidência de queda e debilidade física em idosos, dislipidemia, depressão, demência, ansiedade e alterações do humor. Lembrando que, o sedentarismo é também considerado o principal fator responsável pelo aumento pandêmico na incidência de obesidade juvenil.
O meu objetivo e responsabilidade como Professor de Educação Física é promover saúde e (re)-inserir atividade física na vida de uma população, conscientizando-os sobre um condicionamento físico de qualidade. Alcançando efeitos positivos não somente para o corpo, mas também sobre o cérebro em uma situação pré-cirurgica. Quero também promover exercício físico regular para estimular, estabilizar e proteger não apenas o coração e os músculos, mas também a capacidade mental das pessoas. Promover um melhor desenvolvimento ajudando a combater à depressão e tornar mais lento o declínio intelectual atrelado à idade.
É de conhecimento que médicos, nutricionistas, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos não recebem formação que lhes capacitam adequadamente para a prescrição de exercício. No entanto, são de conhecimento desses profissionais os benefícios para saúde que o exercício físico regular tende a promover. Desde que seja praticado sob adequada orientação de um profissional de Educação Física como Eu. E cabe, aos profissionais e pesquisadores da área de Educação Física – especialistas de formação no uso dessa ferramenta – a obrigação de alavancar sua promoção. O exercício físico é uma ferramenta barata, segura, não patenteável e, quando prescrita de maneira correta, põe fim à necessidade de uma vasta gama de medicamentos. Ao leitor, resta a reflexão: “A quem interessaria o exercício, senão à população?”